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Archive for abril \09\+00:00 2011

A monja Coen não procura descrever as cenas da tragédia do 11 de março, mas nos transmitir um pouco da sabedoria oriental diante da tragédia – e penso que ela tenha conseguido.

JAPÃO

Quando voltei ao Brasil, depois de residir doze anos no Japão, me incumbi da difícil missão de transmitir o que mais me impressionou do povo Japonês: kokoro. Kokoro ou Shin significa coração-mente-essência. Como educar pessoas a ter sensibilidade suficiente para sair de si mesmas, de suas necessidades pessoais e se colocar a serviço e disposição do grupo, das outras pessoas, da natureza ilimitada?

Outra palavra é gaman: aguentar, suportar.  Educação para ser capaz  de suportar dificuldades e superá-las.

Assim, os eventos de 11 de março, no Nordeste japonês, surpreenderam o mundo  de duas maneiras. A primeira, pela violência do tsunami e dos vários terremotos, bem como dos perigos de radiação das usinas nucleares de Fukushima. A segunda, pela disciplina, ordem, dignidade, paciência, honra e respeito de todas as vítimas.

Filas de pessoas passando baldes cheios e vazios, de uma piscina para os banheiros. Nos abrigos, a surpresa dos repórteres norte-americanos: ninguém queria tirar vantagem sobre ninguém.  Compartilhavam cobertas, alimentos, dores, saudades, preocupações, massagens. Cada qual se mantinha em sua área.  As crianças não faziam algazarra, não corriam e gritavam, mas se mantinham no espaço que a família havia reservado.

Não furaram as  filas para assistência médica – quantas pessoas necessitando de remédios perdidos – mas esperaram sua vez também para receber água, usar o telefone, receber atenção médica,  alimentos, roupas e escalda-pés singelos, com pouquíssima água.

Compartilharam também do resfriado, da falta de água para higiene pessoal e coletiva, da fome, da tristeza, da dor, das perdas de verduras, leite, da morte.

Nos supermercados lotados e esvaziados de alimentos, não houve saques.  Houve a resignação da tragédia e o agradecimento pelo pouco que recebiam.  Ensinamento de Buda, hoje enraizado na cultura e chamado de kansha no kokoro: coração de gratidão. Sumimasen é outra palavra chave.  Desculpe, sinto muito, com licença. Por vezes me parecia que as pessoas pediam desculpas por viver.  Desculpe causar preocupação, desculpe incomodar, desculpe precisar falar com você, ou tocar à sua porta.  Desculpe pela minha dor, pelo minhas lágrimas, pela minha passagem, pela preocupação que estamos causando ao mundo.

Sumimasen. Quando temos humildade e respeito, pensamos nos outros, nos seus sentimentos, necessidades. Quando cuidamos da vida como um todo, somos cuidados e respeitados. O inverso não é verdadeiro: se pensar primeiro em mim e só cuidar de mim, perderei.  Cada um de nós, cada uma de nós é o todo manifesto. Acompanhando as transmissões na TV e na Internet, pude pressentir a atenção e cuidado com quem estaria assistindo: mostrar a realidade, sem ofender, sem estarrecer, sem causar pânico. As vítimas encontradas, vivas ou mortas eram gentilmente cobertas pelos grupos de  resgate e delicadamente transportadas – quer para as tendas do exército, que serviam de hospital, quer para as ambulâncias, helicópteros, barcos, que os levariam a hospitais. Análise da situação por especialistas, informações incessantes a toda população pelos oficiais do governo e a noção bem estabelecida de que “somos um só povo e um só país”. Telefonei várias vezes aos templos por onde passei e recebi telefonemas.  Diziam-me do exagero das notícias internacionais, da confiança nas soluções que seriam encontradas e todos me pediram que não cancelasse nossa viagem em Julho próximo.

Aprendemos com essa tragédia o que Buda ensinou há dois mil e quinhentos anos: a vida é transitória,  nada é seguro neste mundo,  tudo pode ser destruído em um instante e reconstruído novamente.

Reafirmando a Lei da Causalidade, podemos perceber como tudo  está interligado e que nós humanos não somos e jamais seremos capazes de salvar a Terra.  O planeta tem seu próprio movimento e vida.  Estamos na superfície, na casquinha mais fina.  Os movimentos das placas tectônicas não tem a ver com sentimentos humanos, com divindades, vinganças ou castigos.  O que podemos fazer é cuidar da pequena camada produtiva, da água, do solo e do ar que respiramos.  E isso já é uma tarefa e tanto. Aprendemos com o povo japonês que a solidariedade leva à ordem, que a paciência leva à tranquilidade e que o sofrimento compartilhado leva à reconstrução. Esse exemplo de solidariedade, de bravura, dignidade, de humildade, de respeito aos vivos e aos mortos ficará impresso em todos que acompanharam os eventos que se seguiram a 11 de março. Minhas preces, meus respeitos, minha ternura e minha imensa tristeza em testemunhar tanto sofrimento e tanta dor de um povo que aprendi a amar e respeitar. Havia pessoas suas conhecidas na tragédia?, me perguntaram. E só posso dizer: todas.  Todas eram e são pessoas de meu conhecimento.  Com elas aprendi a orar, a ter fé, paciência, persistência.  Aprendi a respeitar meus ancestrais.

Mãos em prece (gassho)

Monja Coen

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No dia 9 de março essa encomenda foi postada pra mim. Um PAC (encomenda normal), e deram o prazo de 7 dias úteis para ser entregue. Os dias foram passando e nada da encomenda chegar aqui em Vitória/ES. Liguei para agências, ctce’s, cee’s da cidade de origem da encomenda e nada. Rastreando pelo site dos Correios, vi que dia 13 de março foi encaminhado para Vitória. Depois, dia 22, foi parar em Curitiba, não sei porque. Liguei de novo para os locais anteriores e pra agências de Curitiba e aqui de Vitória. Disseram que foi um erro de arrumação de malote, algo assim.Enquanto isso eu ligava constatemente pro SAC (0800 725 0100) e tentava obter explicações, mas só sabiam repetir que pelo sistema estava encaminhado e que abririam uma reclamação, e no prazo de 5 dias úteis dariam a resposta. Passaram-se 6 dias úteis e eles não me responderam. Abri outra reclamação de pedido de indenização por não cumprimento de prazo. Somente ontem, dia 3 de abril, depois de 17 dias úteis (ou quase 30 dias corridos) a encomenda chegou em Vitória.
Fui hoje buscar nos correios e para minha surpresa, vi isso que vocês estão vendo no vídeo: uma caixa toda destruída, com bolor, molhada, embalada num saco plástico.


A atendente só soube me falar que chegou assim e me mostrou um documento que dizia o seguinte: EMBALAGEM DANIFICADA DEVIDO A ACIDENTE RODOVIÁRIO DIA 14 DE MARÇO, e um carimbo do dia 17.
Ou seja, muitos erros dos correios.
1 – cumprimento de prazo: eram 7 dias úteis. Passaram-se 17.

2 – a encomenda foi parar em Curitiba, confirmado como erro por uma gerente do CTCE aqui em Vitória.

3 – o acidente ocorrou dia 14 e a avaliação dia 17, mas não avisaram nada sobre tal fato e mesmo assim enviaram a encomenda, o que foi confirmado como erro pela gerente da agência aqui em Vitória.

4 – destruíram não só a embalagem como todo o conteúdo.

5 – nesse documento que eles enviaram, tem várias opções para marcar (vejam o link abaixo com as fotos), porém eles não marcam que o conteúdo foi destruido, embalagem destroçada, nada. Só que foi ‘danificada’. Que avaliação é essa?


E tem mais.
A gerente da agência disse que eles só indenizam se o produto sumir, “só” danificar não é motivo de indenização. Como assim?

Ouvi muita gente falar “Ah, é assim mesmo, sempre demora.”, “Um dia chega, vamos acreditar?” (frase de uma gerente do CTCE de Vitória), “Vai criar caso por isso?”. A resposta é sim. Vou criar caso. Os Correios estão totalmente errados, tentam de diversas maneiras esconder os erros, fazendo os clientes de bobos, falando pra ligar pro 0800 que fala pra esperar e não resolve nada, e vai jogando a culpa. Não vou aceitar isso de forma alguma.
Peço a vocês que também não aceitem este tipo de atitude. Temos que mostrar os erros e cobrar por isso. Nada foi de graça. Não estavam fazendo um favor. É um serviço pago, e que muitos utilizam.
Peço que divulguem este caso para que possamos ter um melhor serviço deste tipo no país, uma vez que praticamente não temos outra opção de empresa.

Agradeço a atenção e colaboração de todos.

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